Vietnã
O ideal tomou a minha mente
Fez meu coração transbordar de coragem
Em poder transformar teus caminhos tão comuns
Em um lugar só meu
Embriagado pelos meus sonhos,
Parti com a cara, força e intuição
Peguei em armas, eliminei bobagens
Que pudessem destruir a minha ilusão
Tentei dominar tua mente
Com palavras repetidas, tal como oração,
E o teu corpo quente e com as armas de todo o meu prazer
Só que no meio achei montanhas, florestas e barreiras tão naturais
Não conhecia o território, o que fazer?
Ainda embriagado pela intenção de te dominar
Aos poucos, com os teus recursos
Eu fui dominado
E sob o fogo cruzado de tuas palavras e provocações
Aos poucos, por teu exército, arrasado
Queria sair desse mundo
Que me destruía, me diminuía
E, embriagado novamente estava
Mas não pela coragem e sim
Por algo que fizesse o meu corpo e mente sonhar
Sonhar que eu estava com você nos braços
Sonhar que teu corpo era todo meu
Mas, lúcido, a realidade era outra
Estava só e em pleno ato de guerra
Percebi que essa guerra não era pra mim
A força do inimigo me surpreendia
Foram dias,meses e anos à espera de um socorro decente
Enquanto isso, na sede do meu ser
Me celebravam como heroi
Queriam a carne e o sangue de um heroi
Heroi: palavra nefasta pra quem um dia sonhou em ser um
E hoje é só uma sombra
Cabeça girando em torno de um sonho Perdido
Corpo necessitando de alimento
Alma necessitando de uma fé
Que há muito tempo foi diluída
E, após lutas dentro de uma luta,
Abandonei uma guerra, aliviado
Não heroi, mas vivo o suficiente
Para pensar e botar os pés na terra
Abandonei florestas, montanhas e pântanos de alguém
Para viver os meus recursos, os meus desejos
Mas totalmente angustiado, revoltado e sentido que algo ficou pra fazer
Porto Alegre, 09 de novembro de 1994.
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